Máquina de Pelúcia, Supermercado Pague Menos, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
- Fotografia e Nostalgia
- há 2 dias
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Máquina de Pelúcia, Supermercado Pague Menos, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia
Quem nunca perdeu um dinheiro em uma dessas?
Eu me incluo nesses...rs.
Texto:
Pelúcias de personagens como Stitch, Mickey, Minnie, Pato Donald, Patrulha Canina, Tartarugas Ninja e da franquia Pokémon fazem parte da coleção do paranaense Bruno Fushimi, de 38 anos. Ele estima que já capturou mais de 300 brinquedos em máquinas de shopping, lojas e comércios variados.
Na companhia de seu filho Vinicius, de 6 anos, o consultor de vendas sai à caça de pelúcias todos os dias em Londrina, no Paraná, onde vive. “Toda criança, quando vê uma máquina, seja em uma padaria, um posto, ou até dentro de um shopping, fica encantada. Com meu filho não foi diferente”, relata.
Sempre que ele [Vinicius] via a máquina, ele pedia para tentar [uma jogada], começando com as pelúcias pequenas. Até que encaramos as máquinas de pelúcias grandes e continuamos nelas”. Fushimi exibe orgulhoso o resultado das caçadas em posts na página do Instagram, que tem 3,6 mil seguidores.
As máquinas de pelúcia, também conhecidas como "claw machines" ou "gruas", são permitidas no Brasil porque são consideradas jogos de habilidade, em que o jogador precisa ter destreza e precisão para tentar pegar o prêmio dentro de um tempo determinado. Ou seja, não é algo que “depende exclusivamente ou principalmente” da sorte, como acontece com jogos de azar — estes sim são proibidos no país, como define o artigo 50 da Lei de Contravenções Penais.
Contudo, máquinas de pegar ursinhos de duas empresas específicas, Black Entertainment e London Adventure, foram adulteradas por quadrilhas no Rio de Janeiro investigadas pela Operação Mãos Leves, cuja 2ª fase começou recentemente.
De acordo com reportagem do Jornal O Globo, o grupo era especialista no chamado “golpe da garra fraca”, no qual um contador de jogadas interfere na corrente elétrica que chega à garra usada para fisgar as pelúcias. A técnica faz quem joga obrigatoriamente perder dinheiro, uma vez que a máquina não tem a força mínima necessária para capturar um ursinho.
Apesar da possibilidade de adulteração desse tipo de entretenimento, existem máquinas regularizadas em todo o Brasil. E, como qualquer produto ou serviço oferecido ao público, estão sujeitas ao Código de Defesa do Consumidor (CDC). Nelas — ao contrário dos equipamentos adulterados pela quadrilha no Rio de Janeiro — é possível pescar pelúcias usando estratégias simples. Bom, pelo menos, é isso que garantem os caçadores “profissionais”.
O sucesso das técnicas (falaremos mais delas abaixo) independe da conhecida “trava” das máquinas, isto é, do momento a partir do qual as pelúcias podem ser agarradas mais facilmente por quem tentar a sorte. Essa “trava” que facilita o jogo é algo regulável na programação da máquina, segundo conta o empresário do ramo de vending machines, Erison Carlos.
Colocar a tal “trava” em uma máquina garante que mais pessoas seguirão tentando brincar nela. No caso de fraudes, o que se sabe é que é praticamente impossível pegar pelúcias, mesmo utilizando estratégias e a “trava”.
“Se tiver alguma máquina que esteja fazendo isso [impossibilitando saírem prêmios], ela está lesando o consumidor. Aí, é preciso denunciar essa empresa”, diz Carlos, que é fornecedor de modelos variados de máquinas para empresários.
O caçador Bruno Fushimi conta que já se deparou com máquinas que ele acredita serem fraudulentas. “Tem máquinas que dão uma esperança, que você vê uma força [na garra], você consegue colocar sua estratégia em prática”, relata o jogador. “Agora, tem umas que são ilusão. Você vê que a própria força da garra ali não sustenta uma pelúcia, não aguenta nada”.
Para capturar ursinhos, Fushimi já chegou a percorrer 390 km, de Londrina até Curitiba. Suas pelúcias mais valiosas, que fazem parte de coleções, estão guardadas na casa dos pais. O restante fica no quarto do filho e em um cômodo de hóspedes. Há certas pelúcias que se tornam prêmio de rifas que faz para seus seguidores no Instagram. Fushini já vendeu até mesmo para fabricantes de máquinas.
O paranaense conta que chegou a desembolsar R$ 500 em um único dia tentando ganhar pelúcias. E ele não está sozinho: Fushimi faz parte de uma comunidade de jogadores que se reúne em grupos de WhatsApp — alguns criados pelas próprias empresas responsáveis por esse tipo de entretenimento.
Com o seu hobby, Fushimi já conheceu pessoas do Brasil inteiro. “Confesso que hoje tenho alguns amigos [caçadores de pelúcias] que são até mais próximos do que as pessoas com quem eu convivo no dia a dia”, admite. “E a gente ainda nem se conhece pessoalmente. São pessoas que jogam na minha rifa, que pedem conselhos, ou que eu jogue para elas. Eu faço live [jogando em uma máquina] e eles me mandam pix para eu jogar. Então, vamos criando um relacionamento”.
A influencer paulistana Kaka Moreira, de 28 anos, também é uma jogadora assídua de máquinas de ursinhos. Ela tem um canal de YouTube com 1,45 milhão de inscritos, dedicado ao tema. No Instagram são 386 mil seguidores. “Eu acho que eu já peguei mais de 1.200 pelúcias”, estima a jovem.
Kaka, que aprendeu com seu pai a pegar pelúcias quando era criança, começou inicialmente a produzir conteúdo sobre maquiagem no YouTube, mas eventualmente resolveu mudar de assunto. “O primeiro vídeo que postei sobre [máquinas de pelúcia] já bombou muito o meu canal”, diz. “Eu comecei a só falar sobre isso. Posto também minhas viagens, mas eu sou mais conhecida por dar dicas de como pegar pelúcias”.
O valor máximo que ela já gastou com o hobby em um único dia foi de R$ 300. Tudo para tentar pegar uma pelúcia rara que ela diz valer no mercado cerca de R$ 1500. Deu certo: com suas estratégias, Kaka fisgou o tão almejado bichinho.
Erison Carlos ensina sobre máquinas de pelúcia para empreendedores da área em seu perfil no Instagram, onde tem 16,1 mil seguidores, e no YouTube, com 13,7 mil inscritos. As “gruas”, segundo o empresário, são vendidas por algo entre R$ 10 mil e R$ 15 mil.
Elas já chegam com pré-configuradas de fábrica, mas algumas permitem, além de regular a “trava”, mudar o volume da música e alterar o valor da jogada (o dono pode escolher cobrar R$ 2 ou R$ 5 por tentativa, por exemplo).
Mas, afinal, o dono da máquina pode controlar tudo à distância? “Você consegue colocar na máquina um sistema chamado telemetria, que faz pagamento por cartão”, conta o fornecedor. “Ali, você consegue saber quanto dinheiro entrou. Agora, a [quantidade de] de pelúcia que saiu, [se já deu a] ‘trava’, essas coisas, não”.
Ele estima que cada máquina de pelúcia renda um lucro mensal de R$ 1 mil a R$ 2 mil. “Mas isso é igual a qualquer tipo de comércio. Tem McDonald's que fatura ali R$ 1 milhão no ano, e outros, que faturam R$ 10 milhões”, diz. “Então, depende muito de onde ela [a máquina] está e o público que frequenta. Não depende de quantas pelúcias saíram”.
Os seguidores da influencer Kaka Moreira pedem que ela teste máquinas de pelúcia específicas quando eles não conseguem pegar bichinhos. “Quando eu vou testar e realmente não está saindo nada, eu falo: ‘ó gente, não estão saindo, tem que tomar cuidado”, aconselha. “Testem a máquina antes de continuar jogando, porque tem algumas máquinas que eu não consigo pegar [pelúcias] mesmo. Mesmo ensinando com todas as dicas não sai”.
Após Kaka fazer críticas às máquinas fraudulentas ou defeituosas nas redes sociais, é comum que empresas a convidem para testar novas jogadas. “Eu não vou ficar mentindo para os meus seguidores. E aí eu nem aceito, eu só falo que eu não quero e agradeço”, relata.
Para evitar problemas similares, o fornecedor Erison Carlos orienta seus clientes donos de máquinas que fiquem atentos a defeitos em seus equipamentos. “Se você ver que sua máquina está arrecadando muito dinheiro e não está saindo pelúcia, algum defeito tem e precisa ser corrigido”, afirma. “É quando eles [os donos] entram em contato com a gente”.
Quando um joystick quebra, por exemplo, o proprietário da máquina de ursinhos liga e o atendimento técnico acontece via videochamada. “Tem que sair bastante pelúcia. Esse é o segredo”, garante. “[Quanto] mais pessoas ganham pelúcia, mais pessoas voltam para brincar nessa máquina”.
E vale a pena seguir tentando? Segundo Erison, nos equipamentos menores (como aqueles em que cada tentativa custa R$ 2), um prêmio costuma sair a cada R$ 30 ou R$ 40 investidos em jogadas. “Quanto custa uma pelúcia em uma loja? R$ 70 a R$ 100”, estima. “Mesmo que saia [da máquina] após R$ 80 [em tentativas] ainda estaria dentro do padrão do consumidor”.
Contudo, o empresário ressalta que os equipamentos são destinados à diversão eletrônica, e não à venda de brinquedos. “A pessoa está colocando dinheiro para brincar e não para comprar a pelúcia. Muita gente confunde isso”, diz. “Uma hora ou outra ela vai conseguir capturar [o ursinho]. Depende muito da facilidade, do peso e de como que a pelúcia está posicionada”.
A principal técnica de Bruno Fushimi é o “enrosco”. Ela consiste em tentar prender a garra da máquina em algum adereço da pelúcia, como uma parte da roupa, cordão, etc. Outro detalhe é que algumas das pelúcias têm facilidades específicas, a exemplo do personagem dos videogames Sonic, cuja perna dobra e facilita a jogada.
Também dá para ir arrastando o brinquedo de tentativa em tentativa. “Precisa ter mira, pensar como que a garra vai entrar na pelúcia, numa posição que possa [nos] favorecer”, diz Fushimi. “Aí você vem trazendo a pelúcia até a caixa de saída”.
O jogador afirma que determinados aparelhos têm uma borracha na ponta da garra, o que ajuda na aderência. ”Outras máquinas já não tem essa borracha. Então, é importante observar o estado da máquina, a disposição das pelúcias e o formato delas, se tem algo que dá para enroscar ou não”.
Uma dica fundamental de Fushimi, que Kaka também utiliza com frequência, é verificar se os bichos estão bem soltos e se a máquina está cheia. ”Com a máquina cheia, a gente consegue usar técnica para pegar, e não depende só da ‘trava’ da máquina”, explica a influenciadora.
Uma vez diante de um aparelho recheado de pelúcias, é possível usar a estratégia do “balanço” ou “pêndulo”: basta balançar a garra, não diretamente em cima da pelúcia, mas mirando para que, quando ela voltar do movimento de rotação, prenda no brinquedo.
“Eu também ensino uma técnica que se chama double tap, que são dois tapas no botão da máquina”, acrescenta Kaka. “É apertar uma vez no botão para a garra descer e outra vez quando ela chegar até a pelúcia. Isso faz com que a garra feche com mais pressão”, esclarece.
Contudo, não adianta insistir quando a posição das pelúcias não está favorável. “Tem algumas pessoas que abastecem a máquina com as pelúcias todas enfileiradas de pé, como se fosse uma fileira. Aí a garra não consegue nem encaixar na pelúcia para subir”, observa a influenciadora. “Quando a máquina está assim, melhor nem jogar, porque só vai perder dinheiro mesmo”.
Veja 9 dicas para capturar bichinhos de pelúcia:
1-Verifique se a máquina de pelúcia está cheia;
2-Veja se há pelúcias soltas e bem posicionadas; nunca tente pegar uma que está embaixo da outra ou presa. Foque nas que estão mais acima;
3-Teste primeiro jogar uma quantia baixa de dinheiro, para ver como está a força da garra;
4-Para mirar com maior precisão, observe a máquina de vários ângulos;
5-Tente enroscar a garra em algum adereço da pelúcia, como roupa, chapéu, cordão, etc;
6-Vá arrastando a pelúcia de jogada em jogada para que ela caia no buraco de coleta;
7-Aplique a técnica do “balanço” ou pêndulo”;
8-Para fazer um double tap, clique duas vezes no botão: uma para a garra abaixar e outra para ela fechar com mais firmeza no prêmio;
9-Se a máquina estiver na “trava”, aplique as técnicas anteriores para ter maior sucesso.
Texto de Vanessa Centomori / Galileu.
Nota do blog: Data 2025 / Crédito para Jaf.
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