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Praça Luís Osório Nogueira, Serrinha, Bahia, Brasil

  • Foto do escritor: Fotografia e Nostalgia
    Fotografia e Nostalgia
  • há 7 dias
  • 5 min de leitura

Praça Luís Osório Nogueira, Serrinha, Bahia, Brasil

Serrinha - BA

Phot. Meyer

Fotografia - Cartão Postal


Texto 1:

A Praça Luís Osório Nogueira passou por importantes transformações até chegar à sua forma atual. A primeira mudança ocorreu em 1838, quando era chamada de Praça Matriz; a segunda, em 1880, quando foi denominada Praça Manoel Victorino; e a terceira e atual designação foi dada em 1918 como Praça Luís Osório Nogueira (imagem do post).

Consta que essa remodelação de 1918 foi realizada na gestão do próprio Luís Osório Nogueira (que nomeia a praça), então intendente municipal, sendo inaugurada em 27/01/1918. Trecho de texto de Carlos N. A. da Paixão adaptado para o blog por mim.

Texto 2:

A história da Praça Luís Nogueira pode ser dividida em quatro fases. Na primeira delas, que poderiamos denominar, a origem, surgiu por volta do final do século XVII (não há uma data precisa) quando tropeiros e boiadores começaram a desbravar os sertões com os bois de Garcia D'Ávila a partir de Tatuapara (Praia do Forte) usando a estrada real das boiadas via Pojuca, Alagoinhas, Água Fria, rumo a uma localidade chamada Fazenda Serrinha que era local de passagem e repouso, exatamente onde hoje se situa a área entre a Boutique do Robinho, a sede da Caixa, a agência Itaú, até a entrada da Antônio Rodrigues Nogueira (antiga rua Direita).

Em 1723, Bernardo da Silva, que morava na Fazenda Tambuatá (localizada na entrada do Tanque Grande e hoje pertencente a família Waldir Cerqueira) comprou da viúva de Guedes de Brito, Isabel Brito, essa fazenda e se mudou com a familia para a Serrinha. 

Começa, assim, uma segunda fase dessa área, quando Bernardo construiu sua casa de morada (onde é o antigo prédio da Prefeitura, abandonado, desabando) e uma capela em louvor a Senhora Sant'Anna, a pedido de sua mulher Josefa Maria do Sacramento. 

Esse fazendeiro formatou um imenso largo chamado das barrigudas (árvores que teria mandado plantar) e começou a convidar os fazendeiros da região, os Carneiros, da Manga; os Santiago, os Mota, os Paes, os Ribeiro, os Loyolas e outras, a frequentarem o local aos sábados para fazerem trocas de mercadorias e venda de gado, entre si, e com os tropeiros.

A partir daí foram surgindo os armazéns que se transformaram com o tempo em lojas e estabeleceu-se uma área de comércio e serviços, sapateiros, ferreiros, etc. Meu avô João Paes tinha um desses armazéns no final do século XIX que vendia café e grãos onde é, hoje, o Eliseu Supermercados e seu bisneto Buril tem uma loja de móveis.

Os parentes mais próximos de Bernardo, Pai Geza e outros vão organizar a localidade administrativa e politicamente ainda um arraial no século XIX, nos meados, e acontece, em 1880, uma nova mudança com a chegada da "Chemin de Fer", a estrada de ferro. É na construção desta estrada que chegam os Nogueiras e um deles se casa com uma Ribeiro fomando a familia Nogueira de Serrinha.

Com a estrada de ferro mudou tudo na Vila e nasceu uma nova via, ao Sul, a rua da Estação; e vão surgir ruas ao Norte em direção a praça do Amparo (atual Miguel Carneiro). A Praça Luís Nogueira era então chamada Dr. Manoel Victorino, homenagem ao governador da Bahia. O primeiro intendente foi um Ribeiro: Mariano Sílvio Ribeiro, no final do século XIX.

Dá-se, então, a terceira fase quando Luís Osório Rodrigues Nogueira foi intendente municipal e urbanizou o imenso espaço que servia aos tropeiros, aos vendedores de gado e aos feirantes, em 1917/1918, com projeto urbanístico e calçamento. Este projeto englobava, basicamente, toda a praça entre a testada das casas do comércio Oeste e o atual Banco Itaú, onde havia a casa do pai de doutor Zé Mota, isso em relação ao calçamento, aos dois jardins e uma área para a realização da feira livre. 

A parte do jardim principal se situava entre o atual Casablanca, incluindo o coreto e o cruzeiro, e a entrada da rua da Estação. O jardim era cercado com muro baixo e tinha iluminação com postes à acetileno, bancos e um uma fonte d'água (chafariz) abastecida pelo Tanque das Abóboras. Um segundo jardim, apelidado de "jardinzinho", ocupava espaço à Leste e era menor, também cercado. A área da feira livre ficava entre o atual Casablanca até as lojas à frente, mas, não representava um jardim e sim um espaço organizado com meio fio e passeio.

É desta data a plantação dos oitis que ainda estão na praça até os dias atuais e quem foi criança em Serrinha já deve ter participado das "guerras" de oitis.  

Na década de 1960, na gestão Carlos Mota, houve então uma requalificação do jardim da praça principal com jarros em neon, calçamento em pedras portuguesas, novas fontes e bancos mais baixos obedecendo as curvas internas existentes até hoje. 

Foi, então, que Carlos Mota reurbanizou o local que era chamado de "jardinzinho", onde jogavamos bola em frente a casa do meu avô paterno, Jovino Franco, que se situava ao lado do atual Shopping Freitas, e denominou Tonho Neto. 

Na década de 1950, quem morava onde é o atual Shopping Freitas era o casal Antônio e Diva Pedroza, casa que muito frequentei. "Gatão" (Luís Pedroza), já falecido, era nosso colega e quem guardava a bola. Ao lado, morava o casal Juca Cândido e Lúcia.

Também nessa época, surgiram o Abrigo Casablanca e uma pequena rotatória em frente às lojas. A praça era um misto de residência e comércio. Da entrada da Barão da Cotegipe até seguir em direção ao atual Banco do Brasil, tudo eram residências, destacando-se os sobrados da família Nogueira e de Agenor de Freitas, o cartório de notas das irmãs Zina e Alice Hortélio, a casa de doutor Waldemar Lopes (médico da Leste) e a da familia Zé Cordeiro. Na outra parte, a partir do sobrado do farmacêutico Leobino Ribeiro (ao lado direito da matriz) até a sede da 30 de Junho, só residências. 

O comércio, portanto, se restringia na outra banda onde, no início do século XX, se estabeleceram meu pai, Bráulio Franco (O Serrinhense), O Ciclamen, Zé Faustino, João da Ema, Café Gonzaga, Juca Cândido e outros tantos no Beco da Lama, Araújo Pinho, Barão e rua Direita chegando à Federação.

Com o passar dos anos, a partir da década de 1980, e sobretudo a partir de 2000, o comércio e serviços praticamente ocuparam toda a praça e o patrimônio histórico-arquitetônico foi destruido. Serrinha nunca teve uma lei municipal aprovada pela Câmara que proibisse essa derrubada. Depois, a cidade não está incluida na lista daquelas consideradas de interesse do patrimônio histórico nacional (IPHAN, nascido em 1933) como Lençóis, Cachoeira, Salvador, Ilhéus, etc, daí que as "picaretas do progresso" destruíram tudo.

Hoje, na Luís Nogueira, ainda restam: a igreja matriz de Sant'Anna (1780), a sede da antiga Prefeitura (desabando), o palacete dos Nogueira (abriga um órgão da PMS), a casa de tio Miroró (ao lado do palacete Nogueira), a casa onde foi o cartório de Zina/Alice, em ruinas; a casa de Quarentinha e nada mais. Texto de Tasso Franco.

Nota do blog: Data 1918 / Crédito para Phot. Meyer.


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